15/01/2021
Manaus reflete o total descaso do governo federal em lidar com a pandemia e liderar esforços para conter o vírus
É triste a situação de Manaus. A catástrofe se repete e as notícias que nos chegam nessa metade de janeiro são as piores possíveis. A população colhe os frutos de uma gestão pública estadual desastrosa e irresponsável e também tem sua parcela de contribuição para as cenas de calamidade que puderam ser vistas na tarde de ontem (14/01).
Falta oxigênio, as pessoas que antes morriam por falta de leitos, agora estão morrendo dentro dos hospitais. Não conseguem respirar. Há pacientes graves no interior que não conseguem chegar à capital para receber atendimentos, pois só existem UTIs e estrutura hospitalar adequada em Manaus. Algo que por si só demostra o tamanho do descaso. Erros foram cometidos desde o início de 2020, desmontaram precocemente os hospitais de campanha, incentivaram de forma mentirosa o medicamento enjeitado por todos os países do mundo (a cloroquina, uma vergonha mundial) sob a liderança bestial do Governo Federal e assim chegamos a esse ponto.
Se o fechamento do comércio tivesse sido respeitado em dezembro, talvez a situação agora pudesse ser diferente. A população foi às ruas. Políticos e empresários, muitos apoiadores do bolsonarismo, disseminaram o caos sob a justificativa econômica e sem nenhuma preocupação com o que viria a seguir. Conseguiram o grande feito de derrubar o decreto estadual que poderia ter salvado vidas (ele só entrou em vigor no dia 4 de janeiro) e com isso deixou evidente que a gestão de saúde no Brasil está completamente sem rumo.
De um lado, estados e municípios tentando conter o vírus de modo desesperado e isolados. De outro, o Governo Federal incentivando a disseminação do vírus, indo a público proferir mentiras para convencer a população de que existe algum “tratamento precoce” e que aqueles que não se “tratam” são culpados por morrer. O Governo Federal e as lideranças que o apoiam não se importam com a vida dos brasileiros e brasileiras.
Além disso, celebrou nacionalmente o que aconteceu em Búzios no RJ e em Manaus, comemorando que as pessoas estavam indo “contra a tirania”. Suas declarações sempre procuram se isentar da responsabilidade que possui de liderar de modo responsável, via Ministério da Saúde, o combate à pandemia. Ironicamente é a Venezuela que está se propondo a ajudar Manaus. Para tentar entubar cloroquina encalhada eles se julgam cientistas muito competentes, mas para resolver a falta de oxigênio, isso é um problema do governador do Amazonas. Deixaram faltar os insumos de forma proposital para que isso comprovasse sua narrativa que culpabiliza quem não faz uso do falso “tratamento precoce”. Obstruíram o trabalho de muitos estados e seus profissionais de saúde, pressionaram o receituário de um medicamento que não tem nenhuma eficácia. Enganam as pessoas.
A decadência moral que o bolsonarismo trouxe para o Brasil deixa marcas profundas e seus responsáveis deverão ser punidos por todos os seus crimes.
Estamos anotando um por um.
O IDS se solidariza com aqueles que estão em agonia nos hospitais e com quem perdeu parentes e familiares.
Estamos na torcida para que o Brasil possa acordar desse sonho ruim que começou há dois anos.
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