Estabelecer a gestão estratégica dos recursos naturais renováveis como base de todo processo de desenvolvimento do país, que deve ser orientado para atingir o objetivo de desmatamento zero de vegetação nativa primária e secundária, em estágio avançado de regeneração em todos os biomas brasileiros, ressalvadas situações de premente interesse público.
O desenvolvimento econômico deve estar fundamentado nas tecnologias de baixo carbono e na melhoria contínua da qualidade de vida da população.
O Brasil tem 516 milhões de hectares entre fl orestas nativas(509 mi ha) e florestas plantadas (7,2 mi ha), que representam 60% do território nacional. Entre 2002 e 2008 foram eliminados anualmente cerca de 23,5 mil km2 de vegetação nativa, sendo o bioma do Cerrado o mais impactado2 97% do desmatamento ocorreu para conversão em pastagens e agricultura Contrassenso: Brasil possui cerca de 50 milhões de hectares de áreas desmatadas abandonadas ou utilizadas com baixa produtividade
Do total das florestas brasileiras, menos de 3% são efetivamente manejadas para produção florestal. O Brasil possui o maior número de unidades de conservação em relação aos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Costa Rica, Argentina, México e áfrica do Sul, mas é o que menos arrecada com atividades de visitação e turismo
Consequências disso
O Brasil está perdendo seu patrimônio natural e sua biodiversidade sem considerar todo o potencial dos serviços ecossistêmicos que podem integrar um modelo de desenvolvimento pautado na sustentabilidade.
O que fazer para mudar essa situação
Reforçar os instrumentos econômicos de transição a uma economia de baixo carbono, baseada em fontes renováveis de energia, economia criativa, uso sustentável de recursos naturais e oportunidades inovadoras de combate à desigualdade social.
Como?
Criar uma política nacional energética que contemple: eficiência energética, redução do consumo, diversificação da matriz, transformação das empresas distribuidoras de energia em empresas de serviços de energia.
O Brasil deve ter uma matriz energética fundamentada na diversificação de fontes renováveis, garantindo, ao mesmo tempo, segurança energética e baixas emissões de gases de efeito estufa – gees.
O principal consumo de combustível é o óleo diesel (46,2%) e a gasolina automotiva (29,3). Biocombustíveis como o álcool etílico e o biodiesel representam 14,3% e 2,4%, respectivamente, do consumo3.
O Brasil foi considerado pelo segundo ano consecutivo como o mercado mais atrativo em toda América Latina para Investimentos em Baixo Carbono4
Consequências disso
O setor de Energia foi o que teve maior crescimento em suas emissões, de 126%, entre 1990 e 2012 . O principal responsável por esse aumento expressivo no setor energético é o Transporte, que teve aumento de 143% nas suas emissões em 12 anos6.
O que fazer para mudar essa situação
Investimento em tecnologias de fontes renováveis, geração distribuída e smart grids, além de incentivos para
redução do consumo e garantia de maior competitividade.
Como?
Metas de inflação, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante, administrando as políticas fiscal, monetária e cambial para garantir o equilíbrio interno e externo, são requisitos de um desenvolvimento sustentável. Na ausência de uma coordenação adequada entre política fiscal e monetária, a segunda fica sobrecarregada e os custos em termos de produto e emprego serão maiores ao longo do tempo.
O novo contexto da economia internacional soma-se à tentativa anunciada de implantação de uma “nova matriz
de política econômica”. Pensando no tripé câmbio-inflaçãotaxa de juros, foi implantada uma política monetária muito expansionista, ao contrário da política de geração de superávit real que marcou o período 2002-2006. Em relação ao câmbio, o governo passou a se comprometer, embora não explicitamente, com certo controle do patamar cambial, pressionado por alguns setores da indústria prejudicados pela valorização do real, chegando, inclusive, a adotar o controle de entrada de capitais
O que há no Brasil é um comportamento indefinido em relação à política macroeconômica. É importante, neste cenário, limitar os gastos públicos correntes à metade do PIB (mantendo a possibilidade de política fiscal anticíclica nos momentos de retração econômica), estimular a poupança de longo prazo e substituir a sucessão de programas extraordinários de anistia fiscal (que se iniciou no âmbito federal com o Refis) por estratégias mais sólidas de recuperação de créditos tributários.
De forma complementar, devem ser investidos recursos e reformado o sistema educacional, capacitando nossos jovens a liderar processos de inovação, em sinergia com maior envolvimento acadêmico e das organizações privadas
O objetivo é manter a estrutura de sustentação da política macroeconômica e reduzir o nível de endividamento do setor público.
As compras públicas1 no Brasil, em 2012, movimentaram R$ 72,6 bilhões na aquisição de bens e serviços2. A administração pública é, portanto, um potencial catalisador da ampliação de padrões sustentáveis de produção no país.
A Emenda Constitucional nº 42/2003 foi de fundamental importância da consolidação deste conceito no país. Segundo a nova redação dada por tal Emenda ao Inciso VI do Artigo 170 da Constituição Federal, a ordem econômica deve, entre outros princípios, prezar pela defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.
Até mesmo a Lei Federal nº 8.666/1993, que dita as regras para licitações e contratos da Administração Pública, e é frequentemente criticada por centrar-se excessivamente no critério de menor custo em detrimento de fatores qualitativos, sofreu alteração através da Lei Federal nº 12.349/2010. Essa alteração promoveu a inserção da ideia do desenvolvimento sustentável, obtido a partir da realização de licitações sustentáveis. A Instrução Normativa nº 01/2010 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão se aprofunda no tema, indicando a forma de aplicação e os critérios que norteiam as compras sustentáveis para obras públicas e aquisição de bens e serviços.
Ainda assim, as compras sustentáveis representam apenas 0,1% do total gasto em contratações pelos órgãos da administração pública no Brasil em 2012. O país, a partir de suas ações, deve mostrar coerência com tais princípios, induzindo moralmente e economicamente os demais agentes econômicos.
O agronegócio responde por 23% do PIB nacional1. Os ganhos de produtividade ao longo das últimas décadas,
impulsionados pela atuação da Embrapa e pela abertura de frentes agrícolas em regiões que exigem novas
técnicas produtivas, contribuíram para que o setor se tornasse referência internacional. Seu impacto é também
relevante para o equilíbrio da balança comercial e das contas públicas, além de empregar parcela relevante da
população economicamente ativa.
Nesse cenário, o desafio do agronegócio é conduzir estrategicamente o crescimento pelo ganho de produtividade aliada à conservação, ao uso racional e à restauração dos recursos naturais, incluindo o desmatamento zero, a redução do uso de agroquímicos e com foco em segurança alimentar e energética.
A estratégia de unir a conservação ambiental ao ganho com produtividade permitirá intensificar o uso das áreas já ocupadas pela agropecuária, freando a expansão da fronteira agrícola, principalmente na Amazônia e no Cerrado, por meio da racionalização do uso de insumos, promoção de técnicas de melhoria e conservação do solo, controle biológico e diversificação da produção. Com a melhoria técnica e tecnológica, a agropecuária brasileira não precisará avançar mais sobre novas áreas de floresta para intensificar sua produtividade, evitando, assim, a perda de biodiversidade e as elevadas taxas de desmatamento.
Uma das prioridades são a recuperação e a revitalização da produção de biocombustíveis, para que voltem a ser competitivos no mercado de combustíveis, a despeito das políticas de controle de preço da gasolina e incentivos a combustíveis fósseis.
A agroindústria da cana de açúcar, para produção de etanol, açúcar e de bioeletricidade deve ser estimulada por
meio de uma política específica, associada à implementação de programas de certificação socioambiental, para que
ocorra de forma social e ambientalmente sustentável. Isso assegurará crescimento econômico para o setor com a redução de emissões de gases de efeito estufa.
Outro impacto ambiental de grande escala que deve ser minimizado para garantir ao setor o desenvolvimento sustentável é o uso de agrotóxicos no país. O Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com 19% da produção mundial, o que equivale ao despejo de 1 bilhão de quilos de agroquímicos por ano no ambiente. O uso intensivo e crescente destes produtos tem impacto direto na saúde e segurança alimentar. Em 2011, foram registrados mais de 8 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no Brasil2. A Anvisa identificou excessos de resíduos a níveis acima dos considerados adequados em 29%3 das amostras de alimentos avaliadas, no ano de 2012.
Todos os instrumentos de políticas públicas devem ser direcionados à desejável conciliação entre produtividade,
conservação e geração de renda de milhões de agricultores brasileiros. Devem ser estruturados arranjos produtivos que incorporem a agricultura familiar como parte fundamental de sua cadeia. Os recursos do PRONAF devem ser alavancados, compatibilizando o valor destinado ao Plano Safra da Agricultura Familiar com aquele destinado ao agronegócio.
A transição para um modelo agropecuário sustentável pode ser impulsionada por algumas ações-chave, dentre as quais: (i) adoção de critérios socioambientais na concessão de qualquer tipo de financiamento do setor; (ii) criação de incentivos tributários a produtores que conciliem suas atividades produtivas com a preservação dos fluxos ecossistêmicos no meio rural e com o desenvolvimento social; (iii) garantia de acesso ao seguro rural a produtores que descartam o uso de fertilizantes químicos e promovem a preservação dos processos biológicos na região; e (iv) criação de mercados de ativos ambientais, como reduções de emissões ou Cotas de Reserva Ambiental, previstas legalmente, porém carentes de regulamentação.
Apoio à inovação para a economia de baixo carbono, Justiça tributária e economia solidária
Responsabilidade socioambiental das empresas e consumo responsável
Infraestrutura e energia limpa
Gestão estratégica dos recursos naturais renováveis, não renováveis (minérios) e da biodiversidade
Agronegócio sustentável e fortalecimento da agricultura familiar
As propostas também podem ser consultadas na publicação da Plataforma Brasil Democrático e Sustentável
Parceiros