16/06/2015
O grupo de líderes do G7 anunciou, na última segunda-feira (8), o compromisso inédito de descarbonizar suas economias até o final do século. Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido decidiram reduzir suas emissões de CO² retirando os combustíveis fósseis até 2100. O grupo também se comprometeu com a meta de angariar US$100 bilhões para o financiamento climático, de fontes públicas e privadas, até 2020. A declaração acontece a pouco mais de cinco meses da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21), que acontecerá ao final do ano em Paris.
A declaração é considerada histórica por ambientalistas e por parte da mídia nacional e internacional. O movimento de descarbonização das economias do G7 pode ter grande impacto no cenário do aquecimento global, uma vez que reúne algumas das principais economias industrializadas do mundo, historicamente responsáveis por grande parcela de emissões. As termelétricas nos países do G7, por exemplo, são responsáveis por mais da metade do total das emissões de 54 países da África e dez vezes maior que os 48 países menos desenvolvidos do mundo, de acordo com pesquisa realizada pela Oxfam.
Enquanto países considerados tradicionalmente como grandes emissores estão dando um passo inicial na direção da descarbonização, dados apontam que o Brasil está se tornando mais intensivo em carbono diante de uma crise energética. O país está reativando termelétricas para aumentar o suprimento de energia, apesar de amplo potencial para energias renováveis.
Isso gera o aumento das emissões de gases de efeito estufa e impacta diretamente a pegada de carbono das empresas, sobretudo no chamado "escopo 2" (emissões provenientes da energia elétrica adquiridas pelas empresas). Entre as 128 corporações que monitoram suas emissões , houve aumento de 81% nas emissões de escopo 2 entre 2012 e 2013.
A Plataforma IDS , lançada em dezembro de 2014, traz propostas para a descarbonização da economia, como o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis. Mundialmente, estes incentivos somam US$ 5,3 trilhões em 2015, segundo o FMI.
Ao mesmo tempo, é necessário investir em inovação e tecnologia para fontes renováveis, tanto na esfera pública como privada. Uma das propostas de Prioridade Máxima da Plataforma sobre essa questão é a criação de uma política nacional energética que contemple eficiência energética, redução do consumo, diversificação da matriz, transformação das empresas distribuidoras de energia em empresas de serviços de energia.
Apesar de bem recebida, a declaração do G7 peca ao não estabelecer metas objetivas e vinculantes. Tampouco constam planos e propostas concretas de como se alcançar o objetivo proposto, mas surge o indicativo de que um acordo mais ambicioso possa ser alcançado em Paris. Uma declaração desse porte demonstra a aceitação e a vontade de agir rumo à descarbonização da economia. Ao grupo dos G7 caberá usar seu poder de articulação e persuasão para expandir a proposta e conseguir implementar metas.
Já em relação ao Brasil, a Plataforma do IDS aponta para o posicionamento como Estado/Sociedade líder nas discussões e negociações globais a respeito da promoção da sustentabilidade, mitigação das mudanças climáticas e adaptação as suas vulnerabilidades, incorporando os conceitos de Antropoceno e de limites planetários. Essa liderança internacional deve ser acompanhada da correspondente ação interna para incentivar uma economia de baixo carbono, inclusive promovendo a cooperação para a governança e gestão dos recursos naturais transfronteiriços.
Acesse todas as propostas da Plataforma Brasil Democrático e Sustentável e na publicação online:http://issuu.com/idsbrasil/docs/livro
Confira os vídeos e textos da Roda de Conversa sobre Mudanças Climáticas e da Roda de Conversa sobre Energia para a sociedade do futuro.
Links consultados:
http://www1.folha.uol.com.br/…/1639387-g7-anuncia-acordo-pa…
http://www.theguardian.com/…/g7-leaders-agree-phase-out-fos…
http://www.carbonbrief.org/…/daily-briefing-g7-poised-for-…/
http://www.gvces.com.br/crise-energetica-faz-empresas-emiti…
http://www.idsbrasil.net/pages/viewpage.action…
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