05/06/2024
Durante os últimos 30 anos o Brasil esteve se preparando para uma transição para a Economia Verde. Foram conferências globais e COPs onde as necessidades e vantagens dessa transição foram pesadas e avaliadas. Agora a sociedade, governos e empresas discutem sobre como tirar boa parte do país da inércia do “business as usual” e dar o salto para a economia do século 21.
O Brasil tornou-se protagonista relevante no debate ambiental a partir de 1992, quando o país foi sede da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-92 ou Rio-92). Desta conferência surgiu a Carta da Terra, um documento, proposto durante a Rio-92, com diretrizes para uma sociedade global pacífica, justa, sustentável.
Também foi na Rio-92 que surgiu o embrião das COPs, (Conference of the Parties, que em tradução livre para o português significa Conferência das Partes) uma convenção anual criada pela ONU em 1994, onde os países têm a oportunidade de dialogar para planejar por meio de ações de mitigação e adaptação de intervenções humanas danosas ao sistema climático planetário.
Em 1995 foi realizada a primeira COP do Clima, em Berlim, na Alemanha. A partir daí já foram realizadas já 28 COPs. Este ano acontecerá a COP-29, em Baku, capital do Azerbaijão e, em 2025 a COP 30 será realizada em Belém, no Pará. Será a primeira vez que uma COP acontecerá na Amazônia, onde a floresta é um dos principais fatores para o equilíbrio climático do planeta.
Em 2015, em um vídeo distribuído pelo distribuído pela WWF no movimento “Hora do Planeta” aparece a imagem do então presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, com um alerta: “nós somos a primeira geração a sentir o impacto das mudanças climáticas, e a última que pode fazer alguma coisa a respeito”.
Momento de inflexão
A tragédia que se abateu sobre os brasileiros do Rio Grande do Sul deve ser o momento de inflexão para as políticas de combate à emergência climática no Brasil. O mundo também tem seus indutores da mudança, como enchentes na Europa, calor extremo em regiões dos Estados Unidos e África e grandes incêndios florestais nas mais diversas regiões do planeta, além dos alertas globais de uma provável elevação catastrófica do nível dos oceanos.
O cenário do Rio Grande do Sul é o alerta maior que os governantes de Brasília, dos estados e das cidades podem ter. Os custos humanos, financeiros e ambientais são infinitamente maiores do que custariam os investimentos em prevenção. Cientistas e organizações sociais estão a postos levantando dados e oferecendo alternativas para os atuais modelos de desenvolvimento e ocupação do solo, especialmente nos espaços urbanos. Há muito conhecimento disponível na academia, institutos de pesquisa e organizações dedicadas ao conhecimento climático.
No próximo ano, em Belém, durante a COP30, o Brasil terá de demonstrar que aprendeu a lição do Rio Grande do Sul. Lá estarão mais de 190 países e centenas de organizações e empresas interessadas em mostrar seus saberes e alternativas para a construção do futuro.
Há a expectativa de que empresas e organizações atuem para uma transformação econômica a partir da COP 30. A Amazônia está se posicionando por uma ampliação dos investimentos e pesquisas em torno da bioeconomia. Isso faz muito sentido, no entanto será necessário um alinhamento com as transformações da economia no restante do país, onde os conceitos de economia verde avançam.
O Brasil está muito bem posicionado em relação às transformações necessárias rumo a um novo padrão econômico, tem uma população ainda pequena em relação ao território, tem universidades e institutos de pesquisa de alta qualidade, tem recursos naturais e minerais para uma transição verde, conta com uma variada fonte de energias limpas e já está debatendo processos de financiamento para a Economia Verde.
O IDS tem atuado para reforçar o conhecimento sobre a transição para a Economia Verde através de eventos e diálogos que ajudam a entender o processo e incidir sobre políticas públicas que buscam atingir as metas estabelecidas pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Essa é a trilha para um processo de transição com marcos definidos e metas comparáveis.
Este ano o IDS, em parceria com a escola de negócios INSPER, está promovendo uma série de dez Diálogos Setoriais para abordar os desafios de cada setor da sociedade e da economia para a transição necessária para uma nova realidade econômica, comprometida com a regeneração de biomas, proteção da biodiversidade, defesa de direitos sociais e prosperidade econômica.
(IDSBrasil)
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