Em meados de 2009, um diagnóstico comum sobre os rumos do país propiciou a reunião de lideranças de diversos setores da sociedade no “Movimento por um Brasil Sustentável”. Essas lideranças, que participaram ativamente dos principais avanços no processo político-democrático e na integração das questões ambientais e de inclusão social à agenda de desenvolvimento do Brasil, vislumbravam naquela época um cenário de ameaças de retrocessos e uma tensão entre as forças da sociedade, principalmente em três frentes: a socioambiental, a política e a internacional.
Entre os atores do campo socioambiental, que surgiu durante o processo pré e pós Rio-92, há cerca de 20 anos, percebia-se uma redução em sua capacidade de incidência nas decisões sobre o futuro do País. Os socioambientalistas passavam a administrar uma onda crescente de agendas negativas e, aos poucos, as lideranças deste movimento deixavam a vanguarda propositiva junto aos Poderes Executivo e legislativo para ocupar uma posição defensiva. Esse deslocamento procurava evitar retrocessos – ou minimizar seus impactos – nas conquistas obtidas nos “anos de ouro” dessa agenda, definida como o período entre a promulgação da Constituição de 1988 e o final dos anos 2000.
Na política institucional, as novas formas de organização coletiva e o avanço das tecnologias digitais de interação social acirravam o abismo entre os representados e seus representantes. E, como um mecanismo biológico de autodefesa, o sistema político vigente passava a criar formas e processos para evitar sua reforma e manter o status quo.
O relacionamento com o ambiente internacional também revelava questões igualmente preocupantes. Retrocessos democráticos em países da América do Sul, o agravamento do cenário das mudanças climáticas em função da dificuldade de avanço nas negociações globais, a frustração com os resultados dos acordos de comércio em que o país apostara e a violação de direitos humanos em diferentes nações com as quais o Brasil mantinha relações são apenas alguns exemplos que retratavam o cenário.
Ainda assim, se, por um lado, o diagnóstico dos problemas unia lideranças da sociedade, por outro, não havia soluções que articulassem a diversidade de atores e a complexidade dos desafios. Ficava evidente que esse contexto demandava uma nova abordagem, que aprofundasse as conexões entre democracia e sustentabilidade, capaz de retomar a agenda progressista do desenvolvimento sustentável no país.
Foi nesse contexto e desse trabalho coletivo que nasceu o grupo fundador do IDS e o propósito do Instituto.
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