08/04/2025
Ação mostra que os vilões da saúde da população também ameaçam futuro do planeta
A campanha Duplo Impacto, lançada pela ACT Promoção da Saúde com apoio da Vital Strategies, vem provar que a ação das indústrias de álcool, tabaco e alimentos ultraprocessados não figura apenas no topo dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) – diabetes tipo 2, hipertensão, insuficiências cardiorrespiratórias e câncer, entre outras. Essas mesmas empresas, quase sempre ligadas a conglomerados multinacionais, contribuem decisivamente para a degradação do ambiente.
Assinada pela agência 11:21, a campanha traz à tona evidências científicas. Em três décadas, a produção de ultraprocessados, como salgadinhos de pacote, bebidas de caixinha, biscoito recheados, salsichas, entre outros, elevou em 245% as emissões de gases de efeito estufa, substâncias que aceleram o aquecimento global. Em apenas uma lata de cerveja, podemos encontrar até 28 mil partículas de microplástico. A cada ano, o solo e os oceanos de todo o mundo recebem cerca de 4,5 trilhões unidades de bituca, os filtros de cigarro compostos por plástico e ingredientes tóxicos.
Além da contaminação de rios e mares com o descarte de embalagens e outros resíduos, o consumo de álcool e ultraprocessados ameaça as reservas hídricas do planeta. Para obter um litro de cerveja, por exemplo, são necessários 298 litros de água. A mesma quantidade de bebida açucarada demanda entre 300 e 600 litros de água. Em apenas uma lata de cerveja podemos encontrar até 28000 partículas de microplástico!
Já os derivados de tabaco não comprometem apenas a e qualidade do ar respirado por fumantes ativos e passivos. A fumicultura detém uma parcela de 5% de todo o desmatamento global. A cada 300 cigarros fabricados, uma árvore é derrubada.
Greenpeace, Oceana, GT Agenda 2030, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Coalização Vida Sem Plástico e Global Alliance for Incinerator Alternatives (GAIA), entre outras instituições e movimentos da área de sustentabilidade, se unem à iniciativa. No ar em Brasília, Rio e São Paulo, a mobilização acontece no rádio, nas mídias digitais, nas redes sociais destacando a mensagem “como se não bastasse fazer mal à saúde, elas destroem o meio ambiente.” O material completo pode ser encontrado no site duploimpacto.org.br, onde o público é convocado a fazer a sua parte.
“Essa abordagem é inédita em campanhas e tem o mérito de propor uma nova reflexão sobre a atuação duplamente nociva dessas indústrias”, destaca a diretora-executiva da ACT, Paula Johns.
Há mais de 18 anos, a organização trabalha em prol do enfrentamento das DCNT. Ano passado festejou, portanto, a aprovação da reforma tributária com imposto seletivo para derivados de tabaco, bebidas alcóolicas e refrigerantes.
A proposta de elevar o preço final, pelo aumento dos impostos, vem sendo apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Banco Mundial como a medida mais efetiva para redução do consumo de produtos nocivos. De acordo com a OMS, o tabaco responde por 8,7 milhões de mortes em todo o mundo. Enquanto, as vítimas fatais do álcool chegam 3 milhões.
Nesse sentido, a ACT reafirma a necessidade de se assegurar alíquotas que, de fato, cumpram essa função. E, mais, de que o poder público e a sociedade ampliem a medida a todos os ultraprocessados, itens que causam 57 mil mortes por ano no Brasil.
Às vésperas das discussões sobre a regulamentação da reforma tributária, a campanha nos faz pensar, ainda, sobre a urgência da instituição de um imposto seletivo justo e abrangente. Da garantia de uma política pública com duplo impacto positivo: a promoção da Saúde e o esforço para preservação dos ecossistemas.
Parceiros