Abertura Oficial da CBMC acontece com participação do IDS

20/05/2022

A 4ª edição da Conferência Brasileira de Mudança do Clima elegeu a urgência climática como tema principal

Por Aline Souza – jornalista e comunicadora no IDS

A abertura oficial da Conferência Brasileira de Mudança do Clima- CBMC aconteceu na manhã de hoje, dia 20 de maio, e tratou das pautas de emergência climática, trazendo as principais problemáticas, sua urgência e a forma como os diversos atores da sociedade interpretam e traduzem estes objetivos em ação efetiva. O mote do debate, que contou com a participação de André Lima, consultor em políticas ambientais do IDS, focou na nova sequência de relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) e suas implicações geopolíticas.

No painel batizado de Já é! Sem tempo, irmão!, Sérgio Besserman, coordenador estratégico do The Climate Reality Project, comentou sobre o cenário global e a importância de considerar a ciência para tentar manter a temperatura média do planeta em até 1,5 grau, o que não será sem custo para a humanidade. “Reflorestar e regenerar é a principal providência a ser tomada. Acabar com a arrogância humana, precisamos agir muito mais veloz do que estamos agindo. Agora é hora de uma solução global, não podemos mais pensar em termos nacionais apenas. Muitas tribos precisam se somar nessa causa para criarmos juntos uma Governança Global. A pandemia nos mostrou que temos capacidade de nos unir para transformar a realidade. Ao lutar contra o aquecimento global vamos cruzar uma fronteira para construir um mundo melhor, mais diverso e mais digno”, afirmou.

Danilo Farias, advogado do Programa Criança e Natureza do Instituto Alana, trouxe dados que mostram como a vulnerabilidade climática afeta maiormente as crianças. Ele comentou sobre o cenário caótico principalmente para aquelas que vivem no sul global onde os impactos são mais acentuados apresentando uma vivência de escassez muito maior. “As crianças são as mais afetas dentre todos os segmentos de população devido o seu estágio de desenvolvimento. A UNICEF já apontou em seu índice de crise climática que esta é uma crise de direitos humanos, cujos efeitos não são igualitários”, disse ele. Farias também citou a questão das pandemias e doenças transmitidas por mosquitos que afetam a saúde e o desenvolvimento físico e intelectual, também impactando sua capacidade plena de vida. “Uma visão interseccional entre raça gênero e classe deve estar concentrados nos esforços coletivos de enfrentamento dessa realidade”, afirmou.

André Lima lembrou das ações no plano nacional que o IDS vem liderando com o objetivo de minimizar o desmonte das leis ambientais que tem ocorrido de modo feroz, principalmente nos últimos três anos de governo negacionista no Brasil. Uma delas em defesa da Reforma Tributaria Sustentável pela inclusão de critérios de proteção ao meio ambiente equilibrado e uma economia sustentável (Está Faltando Verde) e a proposta da PEC do CLIMA (PEC 37) colocando a segurança climática como eixo central na Constituição Federal (artigos 5, 170 e 225) A lei Mais urgente do Mundo.

“O desmonte ambiental vem sendo implementado no Executivo e no Legislativo, o que a Ministra Carmem Lúcia chamou de ‘cupinização’ em julgamento recente no STF sobre a pauta verde. O Brasil vinha perto de zerar o desmatamento na Amazônia com uma queda significativa de 83% do desmatamento na região até 2012. No Congresso Nacional os projetos de lei da destruição estão com tudo, ao passo que estamos assistindo o aumento exponencial de eventos climáticos extremos em todo país”, lembrou.

André disse ainda que estamos em ano eleitoral e que devemos procurar com urgência fazer uma virada democrática e sustentável para retomar os trilhos do desenvolvimento do país por um Brasil Carbono Neutro antes de 2050. “Vamos precisar de uma ação republicana, responsável e comprometida com esses temas para pautar nosso debate público. Como vamos falar de desenvolvimento econômico, renda, segurança pública, saúde, dignidade da pessoa humana se temos um governo que não media interesses?Estamos falando também de democracia representativa e participativa e da necessidade de compor um novo Congresso Nacional que dê suporte para um novo presidente mais esclarecido sobre a questão climática capaz de avançar com essas providências urgentes. Isso no melhor cenário a curto prazo”, salientou.

O ponto de vista social é visto no gráfico que mostra a emissão de CO2 pela população mundial

Francisca Arara, chefia do Departamento de Normatização e Registro do Instituto de Mudanças Climáticas – IMC lembrou do importante papel que desempenham os povos tradicionais. “Populações tradicionais fazem um serviço muito importante para o planeta ao cuidar há muitos séculos das florestas que hoje existem. É preciso agir para tirar as coisas do papel”. Francisca comentou sobre o respeito que devemos ter aos fluxos e ciclos de plantio e de manejo do solo, mostrou a importância de ações em conexão com a natureza em tudo que se faz. “A população indígena precisa de recursos e incentivos financeiros para continuar mantendo suas ações na terra com programas sociais que amparem essas populações”, disse.

Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, encerrou o debate com um chamado para resistir e reafirmar um outro caminho, para além das tentativas do governo de barrar o espaço político e técnico de reflexões sobre o enfrentamento das questões climáticas, deixando de assumir seus compromissos formais já realizados. “Não podemos nos esquecer que temos um papel fundamental para conduzir o nosso país no caminho que pode manter a esperança viva. A mudança do clima não é homogênea e vai afetar de modo diferente as populações que habitam a terra, precisamos conseguir manter alinhadas as providencias. É AGORA! Já é tempo!“, disse ele.

Assista o painel na íntegra:

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